terça-feira, 10 de agosto de 2010

Festival Folclórico e o Teatro Guaira - Grande auditório



Transmissão (Som) do Festival Folclórico nos anos 1960, direto do Teatro Guaira, Grande Auditório ainda em construção.





Nos anos 1960 retransmitir o som fora dos estúdios da rádio ainda era uma aventura.


Principalmente para as Escolas Radiofônicas, o nosso único equipamento consistia de um enorme caixotão de cor verde que era um gravador valvulado da marca WEBSTER, pesado como ele só, e a Rádio não dispunha de transporte próprio, resultado, sobrava para mim e o Luís Ernesto carregar para lá e pra cá o tal gravador, e isso de ônibus e a pé. E com o gravador não dava para se fazer transmissão ao vivo, e o grande sucesso da época eram os Festivais Folclóricos, e o Luís Ernesto que adorava as aventuras radiofônicas, convenceu o Diretor da Rádio, Albino Affonso, Ir. Gilberto, que a Rádio poderia transmitir tal evento, Ir. Gilberto como nós o chamávamos antes da Rádio entrar no ar, tinha feito um curso de Técnico reparador, na Escola Monitor por correspondência não tinha nem idéia como transmitir tal evento. Aí entrou a criatividade do Luís Ernesto, que na época também trabalhava na Rádio Guairacá como sonoplasta.


O técnico Engenheiro Eletrônico que montou a nossa Rádio era o Senhor Werner Julio Riecks um grande entendido e nervoso com espessas e grandes sobrancelhas, calvo. Muito parecido com o cientista do filme “De Volta para o Futuro”, também era o técnico responsável da Rádio Guairacá, Luís convenceu o senhor Riecks a nos emprestar um Amplificador de Linha ainda valvulado de propriedade da Guairacá. Tal equipamento é que permitia a transmissão a distancia, usando a rede telefônica como meio de levar o som gerado no caso no Guairão até os nossos estúdios localizados no Prado Velho. Consistia em uma caixa com alça, parecia uma pequena maleta, na frente possuía um painel com entrada para 2 ou 3 microfones, tendo um controle de volume para cada um dos microfones, uma saída para se fazer a conexão com a linha telefônica diretamente em dois bornes. Um VU com escala em decibéis que era um micro amperímetro analógico que permitia ao operador saber o volume de som transmitido pela linha telefônica. Uma saída tipo jack para conectar um par de fone de ouvidos para o operador saber de fato se o som estava em ordem. E por último saía da caixa um fio elétrico com uma tomada na ponta. Era portátil, mas se não tivesse a disposição uma tomada elétrica, adeus portabilidade. Outra dificuldade era instalar pelo menos um microfone no palco sobre as cabeças dos folcloristas dançarinos, cantores e músicos. Se acontecesse nos dias de hoje seriam instalados uns 10 microfones no mínimo, mas nós fazíamos com apenas um e com um resultado final bom. Mas acontecia que a Rádio não dispunha de tanto cabo para microfone, foi necessário recorrer novamente a Rádio Guairacá. Como ainda a sala do grande auditório estava em obras, lembro bem, o público sentava-se em grandes bancos de madeira. E o piso do teatro era ainda só cimentado, o público batia os pés levantava aquela poeira!


Fizemos o pedido a Companhia telefônica para a colocação no Teatro de uma extensão telefônica, e pedimos para deixarem o par de fios bem próximo ao palco. Pois também não dispúnhamos de muito cabo telefônico para conectar ao tal Amplificador.


Chegávamos bem cedo ao teatro para poder montar e instalar os nossos equipamentos. Escolhemos um local na lateral do palco com uma parede para o público, E era bem alto o local, parecia que estávamos em um camarote. Improvisamos uma mesa com tábuas de tapume e duas cadeiras tipo de polaco, eu e o Luís dividindo um par de fone de ouvidos, eu controlando o microfone do Luís e o do palco. Nos estúdio da Rádio ficou um dos Irmãos Lassalista o Dionísio controlando o nível do som transmitido via linha telefônica e irradiado. E por incrível que pareça transmitimos eu e o Luís, 2 anos consecutivos o Festival Folclórico. Inclusive tirei algumas fotos, que ainda estou procurando nos meus guardados para aqui postar.
Comentário do Luís Ernesto em 12/08/2010:
Fizemos uma estória no Rádio que poucos tiveram a oportunidade de vivenciar.
Fomos produtores, operadores, apresentadores, aprendizes de música erudita (irmão Gilberto) e vivíamos num mundo de paz e felicidade incontida.
Fizemos com amor.....recebemos o mesmo carinho das pessoas que nos ouviam....e que me ouvem até hoje (não sei como agüentam)!!!!!!!!!
Valeu João. O único que nunca mais tive contato foi com Ernesto Arthur Berg
(lembra!!!!!!)
Abraços fraternos!!!!!!
Vc. continua sendo um geninho (do bem).

Agradecimento especial a pessoa que abraçou a nossa causa de transmitir esse evento, Senhor TELMO FARIA diretor artístico do Festival Folclórico!